Mulheres na TI e os desafios no mercado de trabalho

Hoje (08/03) é o Dia Internacional da Mulher e nós gostaríamos de trazer uma reflexão importante, para celebrar essa data. Por que ainda existem tão poucas mulheres na TI? Ao observar a história da tecnologia, vemos que as mulheres foram autoras de grandes feitos, na área de tecnologia.
Mesmo assim, apenas 11% dos cargos executivos, nas empresas de tecnologia do Vale do Silício (EUA), são ocupados por mulheres. Ainda hoje, são pouquíssimas mulheres na TI em todo o mundo.

O potencial das mulheres na TI é imensurável e precisa ser explorado. Neste artigo, vamos refletir um pouco sobre o cenário do público feminino na tecnologia.

O histórico das mulheres na TI

Você sabia, por exemplo, que para muitos especialistas o primeiro algoritmo da história foi criado por uma mulher? Esse marco pertence à Condessa de Lovelace, Augusta Ada King. Antes mesmo que houvesse computadores para calcular tais dados, Lovelace foi capaz de escrever tal sequência de cálculos. Anos após seu falecimento, seu algoritmo foi verificado e comprovado.

Outra mulher que marcou a história da tecnologia foi a irmã Mary Kenneth Keller. Suas contribuições foram essenciais para criação da linguagem de programação Basic.

Recentemente o filme Estrelas Além do Tempo (título original, Hidden Figures), contou a história de Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson. As três funcionárias negras da NASA foram peça chave no projeto de lançamento do astronauta John Glenn para o espaço, no auge da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética.

Mesmo com tantas mulheres incríveis na história, ainda existem pessoas que acreditem que tecnologia não é para mulheres. As mulheres na TI fazem a diferença, e esse é um paradigma que precisa ser quebrado.

O mercado de trabalho para as brasileiras

Felizmente o mercado de trabalho está ficando cada vez mais igualitário. Se em 2007 elas representavam 40,8% do mercado de trabalho formal, em 2016 esse número passou para 44%. É o que apontam as informações do portal oficial do Governo do Brasil.

Um relatório oficial da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em parceria com a empresa Gallup, indica que 72% das mulheres no Brasil consideram que as mulheres devem ter empregos remunerados.

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2016, mostra outro dado interessante. O estudo apontou que 40,5% dos domicílios no Brasil têm na mulher a sua pessoa de referência. Em 2005 esse número era de 30,6%. Um claro reflexo do avanço das mulheres no mercado de trabalho.

Contudo, ainda há muito que fazer para melhorar as condições de trabalho para as mulheres. A falta de equidade salarial é uma pauta que incomoda as trabalhadoras de todo o mundo. No Brasil, em 2016, as mulheres receberam o equivalente a 84% dos salários pagos aos homens.

Por que existem tão poucas mulheres na TI?

O principal problema para ingressar as mulheres na TI é uma questão cultural. Ainda é ensinado que tecnologia, matemática, programação não são áreas de estudos para as mulheres.

Os cursos de tecnologia cresceram 586% nos últimos 24 anos aqui no Brasil. No entanto, a participação das mulheres matriculadas apenas diminui com o passar dos tempos. Ela caiu de 34,89% para 15,53%.

As mulheres que decidem seguir os estudos na área de tecnologia encontram outros desafios no mercado de trabalho. Elas são desacreditadas por parceiros de equipes e clientes, que não acreditam em seu potencial.

Elas também recebem salários inferiores. Uma pesquisa da empresa de recrutamento, Revelo, indicou que as mulheres na TI recebem cerca de 17,4% a menos que os homens.

O ambiente de trabalho, muitas vezes machista, também desmotiva essas mulheres. No Reino Unida a organização EveryWoman e a Revista Marie Claire realizaram um estudo em parceria. O resultado? 46% das entrevistadas afirmaram já terem passado por um caso de sexismo (termo que define o preconceito de gênero).

Existe muito a ser feito, feito pelas mulheres na TI e no mercado de trabalho em geral. Mas o principal é mudarmos nossa concepção, sobre o que é uma profissão para homens ou mulheres.

Mulheres podem – e devem – trabalhar e estudar tecnologia. O gênero de uma pessoa não define sua capacidade. Nesse quesito, somos todos iguais. A NetSupport acredita em mulheres na TI, em TI para todos. Se você também acredita, venha fazer parte da nossa comunidade!

NetSupport Entrevista: Mulheres na TI por Ana Carla

Para nos aprofundar no cenário das mulheres na TI, convidamos a Supporter, Ana Carla, para uma entrevista. Ela possui mais de nove anos de experiência no mercado de TI e realiza atendimentos, através da nossa comunidade, há dois meses. Atualmente, a Ana é uma das profissionais mais elogiadas pelos clientes da NetSupport.

Por que você decidiu começar a estudar e trabalhar com tecnologia?

Eu estava em busca de uma novidade. Imagine, isso foi há nove anos. Não tínhamos todo o conhecimento que temos hoje. Eu não tinha ideia sobre o que era TI a princípio. Eu comecei a ter contato com essa área observando um técnico, na empresa em que eu trabalhava à época.

O que mais te motiva em trabalhar na área de TI?

Eu gosto porque cada dia é tenho um aprendizado novo. TI não é uma coisa que você estuda, pronto e acabou. Você precisa estudar e se renovar todos os dias. Na tecnologia tudo está sempre mudando.

Imaginamos que sejam muitos os desafios para a mulher na TI. Quais são os principais para você?

O principal é driblar a resistência do usuário. Já ouvi muitas vezes “Uma mulher atendendo”.  As pessoas acham que essa é uma área muito masculina, por falta de conhecimento. Acho que é por isso que poucas mulheres escolhem essa profissão.

Por que você acha que existem tão poucas mulheres dentro do mercado de TI?

Acho que as mulheres acreditam que essa é uma profissão pouco feminina e, por isso, ficam com receio. Quando estudava, de uma sala com trinta meninos, só havia quatro meninas.

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Você já sofreu preconceito ou foi subestimada por ser uma mulher trabalhando com tecnologia?

Como disse, a parte do atendimento técnico é a mais difícil. As pessoas estão acostumadas com uma presença masculina, quando solicitam um suporte de TI. Isso já é um preconceito! Quando alguém fala “Nossa, uma mulher no suporte!” você absorve isso. Nessa hora eu procuro focar no meu atendimento, justamente, para provar que eu sou capaz.

O que você acha que pode ser feito para melhorar esse quadro e aumentar o número de mulheres na TI?

É preciso mostrar que existem mulheres na TI, para que se perca esse preconceito de que TI é uma área masculina.

Você sente que esse preconceito é mais presente dentro da própria área de TI, pelos seus colegas, ou mais pelo usuário?

Acredito que seja mais com o usuário. Internamente é menor, e acho que, no dia a dia, a gente acaba não sentindo tanto. Isso acontece porque o cliente está acostumado com a presença masculina na hora do suporte. Ele não sabe que também existem mulheres na TI.

Se pudesse dar algum conselho para uma garota que deseja estudar tecnologia, qual seria ele?

Inicialmente, eu diria para ela começar a trabalhar com suporte. Assim, será mais fácil definir qual área ela deseja seguir. É importante valorizar o conhecimento e continuar estudando sempre. Você também não pode se deixar abalar pelos comentários que ouve de clientes ou colegas. Dê o seu melhor e mostre que você pode fazer o seu trabalho.

E como está sendo trabalhar com a NetSupport?

Essa é uma experiência nova para mim. Eu nunca havia trabalhado como técnica de campo. O fato de me deslocar até a empresa, conhecer o cliente e entender a sua necessidade está sendo um grande aprendizado. Sinto que estou desenvolvendo novas habilidades.